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quinta-feira, 13 de março de 2014

Homeschooling - uma trilha e não um trilho!

Eu cursei a faculdade de Fisioterapia, e na época que estava estudando peguei o vício de andar pelas ruas "diagnosticando" os problemas posturais das pessoas.... Parece loucura, mas eu andava pela rua pensando... "Este tem escoliose, aquela tem pé plano (chato), esta joelho valgo,  aquele senhor teve um A.V.C..." E assim eu ia mapeando todos os que estavam à minha frente. Acho que isso é comum em determinadas especialidades como: psicólogos observando o comportamento dos demais, ortodontistas ao verem um sorriso torto, e aí por diante.
Digo isso, pois venho percebendo que algo parecido aconteceu e acontece comigo em relação ao homeschooling. Ao ter a respondibilidade de "escolarizar" as crianças, minha cabeça passou a viver em função disso. A todo momento olho ao meu redor buscando coisas, materiais, livros, técnicas, currículos e um sem fim de possibilidades para ensiná-los. Não há mal nisso, aliás, uma vez escolhido assumir tamanha responsabilidade temos de nos informar e formar-nos o mais profissional possível, ainda que sem necessidade de título.
No entanto, venho notando um certo exagero de minha parte. Comecei a observar uma certa neura no meu dia a dia... Jogos só educativos. Livros só os clássicos. Tv se for documentários de animais, cultura, dança ou música. Desenhos informativos. Brincar de pular com o objetivo de treinar o equilíbrio... E por aí a fora. Consequência disso: Crianças sobrecarregadas e mães esgotadas! Quando tudo passa a ter um objetivo intrínseco, idealizamos um monte de metas e criamos uma série de expectativas que se tornam cada vez mais difíceis de serem atingidas, princialmente, com muitos filhos. O que leva à frustração!
Não estou dizendo que não devemos estar atentos e estimular nossos filhos o máximo possível. Digo que devemos ter cuidado para não fazer desse hábito uma tarefa árdua de se levar adiante.
Uma experiência desta semana me surpreendeu positivamente... Foi uma semana densa, com muitos médicos e exames para realizar. E quando digo médico me refiro a ir a São Paulo, 60 km daqui e pegar um trânsito não pequeno. Cumpri o mínimo da minha meta semanal. E os trabalhos de arte que estão martelando a minha cabeça há mais de duas semanas foram deixados de lado mais uma vez. É uma cobrança interna, estipulada por mim, que não foi cumprida e me gerou ansiedade...
Fui vendo as crianças ao longo destes dias e hoje finalizaram um "trabalho" de forma ordenada e progressiva, sem que eu tivesse dado um pitaco se quer. No primeiro dia fizeram um mapa do tesouro e no segundo fizeram ratos de porão. Noutro, o sofá era o navio com direito a âncora e tudo.
Mapa do tesouro.
Ratos de porão.












Hoje montaram chapéus, colocaram fantasias, cada um tinha seu barco e se distraíram por horas, incluindo o pequeno de 1 ano e 9 meses.
Piratas atracados no porto.

Ratos aprisionados.

"Barco pirata".









Antes mesmo de escrever este post, estava ajudando a fazer bandeiras de pirata. E desfrutei disso! Não acho o tema importante, não está relacionado com nada que venho dando e está muito longe de ser prioridade em minhas preocupações e no tempo que dedico a ensinar-lhes de fato. E desfrutei! Achei o máximo o desenrolar do tema. E hoje, ao ver o resultado, me dei conta de que a minha ansiedade acumulada por semanas por não ter dado nada de artes, não tinha razão de ser. Eles cortaram, colaram, pintaram, criaram, brincaram, brincaram e ... brincaram! E todos os objetivos intrínsecos  que eu queria alcançar com as atividades de arte (não realizadas), foram alcançados!

Quero deixar aqui o meu conselho:
- Devemos aplicar nossas técnicas, fazer metas, cumprí-las, mas sem deixar que isso ocupe todo o nosso esforço, pois além de instruir e corrigir nosso filhos temos que saber desfrutar de suas criações e deixar com que aprendam com elas;
- Devemos amá-los e curti-los sem a idéia de ter um objetivo escondido em cada passo que damos;
- Devemos dar os meios sem ter a preocupação e a cobrança de estar deixando algo importante do desenvolvimento deles passar. Caso contrário, teremos filhos sobrecarregados e mães cansadas!






5 comentários:

  1. Demais, Mari!
    Obrigada por compartilhar sua experiência, fico encantada com a determinação e auto disciplina de quem ensina em casa. Só posso desejar que Deus a continue abençoando e fortalecendo. As crianças são lindas!
    Gde abraço!

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    1. Oi Ira, obrigada pela mensagem. Desculpe a demora da resposta. Antes tarde do que nunca...rs. Abs. Mariana.

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  2. Olá, Sra Mari
    Meu nome é Josi, tenho quatro filhos ,a mais velha tem quatro anos e o mais novo tem sete meses, gostaria de saber mais sobre este assunto, como é o procedimento, se precisa ter uma formação especifica ,como é o dia a dia, e assim por diante.

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    1. Oi Josi, geralmente a maioria das pessoas que fazem homeschooling são MÃES. Algumas com curso superior em qualquer coisa, algumas poucas pedagogas. Mas todas MÃES interessadas, que correm atrás e fazem um belíssimo trabalho, cada um a seu ritmo com suas habilidades. Dê uma olhadinha nos posts anteriores,tem um onde cito outros blogs de mães educadoras. E vamos conversando! Abs.

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  3. Oi Mari, boa tarde. A paz contigo.
    Acabei de encontrar seu blog e estou vagando pelas postagens antigas. Mas adorei :D. Fico muito feliz quando vejo uma família numerosa. Também admiro sua ainda decisão de fazer Homeschooling. Eu queria muito, mas ainda tenho medo. Acredito que é necessário muita disciplina, e tenho que admitir que isso me falta. Mas estou tentando, mudando meus hábitos e duplicando minha paciência (e isso porque estou só no 2º filho). Atualmente deixei meu emprego, que já era de meio período, para trabalhar em casa e cuidar melhor da educação dos pequeno. Na minha situação não posso deixar de ajudar financeiramente. Hoje estou costurando. Minha intenção é criar coisas que ajudem as famílias católicas, santos de feltro ou pano, entre outros. Se tiver um tempinho, dá uma passada lá: http://feltrodoceu.wix.com/feltrodoceu#!minha-igreja-domstica/c1xw6. Abraços, Anne

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